Salmo 126

Correntes do Neguebe

O tempo de cantar chegou

Salmo 126
Este Salmo é classificado como pós-exílico. Foi escrito depois de um período longo de cativeiro. Os profetas haviam advertido de que a mão de Deus iria pesar sobre eles. Até que chegou o dia em que o rei Nabucodonosor, rei da Babilônia invadiu Jerusalém com o seu exército. Eles arrasaram a cidade, destruíram tudo, abusaram as mulheres, assassinaram e comeram as crianças, castraram alguns rapazes, humilharam os velhos e levaram o povo como escravo para a Babilônia.
Eles foram para a Babilônia chorando sem poderem cantar as canções do Senhor.
O salmo 137 nos mostra um povo exilado, cativo.
         Quem vive cativo, vive sem esperança, sem perspectivas. A sua vida é viver lembrando do passado!
         Salmos 137:1 – “Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião”.
         Quem sabe você ainda viva preso(a) ao passado de dor, e amarguras.
         Muitas daquelas pessoas viviam cheias de dores e amarguras, porque haviam perdido a esperança, alegria, a paz, os sonhos. Muitos cultivavam em seus corações o sentimento de ódio e vingança.
         Por isso, o profeta Ezequiel relata em seu livro (Ezequiel 37)
         Ez. 37:11 – Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo exterminados.
         12  Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
         13  Sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu.
         14  Porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos estabelecerei na vossa própria terra. Então, sabereis que eu, o SENHOR, disse isto e o fiz, diz o SENHOR.
         O tempo de cativeiro durou aproximadamente 70 anos.
         Nesse tempo Deus levanta um novo rei chamado Ciro que foi movido para ordenar que o povo voltasse para a Judéia e construíssem o Templo. A porta estava aberta para quem quisesse e recomeçar a vida! E quando essa notícia chegou, eles nem podiam acreditar no que estavam ouvindo.
      Salmo 126. 1 “Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha”.
         Certamente eles se beliscavam e perguntavam se realmente tudo aquilo era verdade! Será que estavam sonhando? O coração desse povo se encheu de alegria, a boca de louvor, de júbilo. Eles ficaram possuídos de uma alegria extrema, e por isso louvavam a Deus.
         Na verdade, eles foram alcançados por um dilúvio de alegria! O choro havia cessado, eles estavam livres da escravidão da Babilônia.
Aconteceu realmente o que o Senhor afirmou através do profeta Ezequiel.
         (Ez. 37) – 12 – Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
         13 – Sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura e vos fizer sair dela, ó povo meu.
         O povo que não tinha vida passou a ter vida! O povo que não tinha esperança passou a ter esperança! Eles estavam como os que sonham. Voltando para a sua terra, passando as montanhas, os desertos cantando e dançando diante de Deus. E a alegria deles era tão grande que por onde eles passavam as outras pessoas diziam: “De fato, grandes coisas fez o Senhor por eles”!
         Esse povo depois de um período muito longo de tristeza e angústia, estavam experimentando de uma profunda restauração de Deus.
         Quantos de nós estamos dentro da Igreja, no entanto, precisando de uma profunda restauração de Deus!
         As Igrejas de hoje estão abarrotadas de pessoas doentes, de pessoas tristes, que vivem apenas do passado!
         Quem sabe você sinta saudades daquele tempo onde você ouvia Deus falar sempre com você, ou mesmo da alegria que você sentia quando chegava a hora de vir à Igreja, quem sabe você sente saudades daquele tempo de comunhão que você tinha com os irmãos, ou mesmo quando você falava de Jesus com tanta facilidade! Nos dias atuais, são poucos que choram ao ouvir Deus falar, são poucos que cantam ao ouvir Deus falar!
         Quem sabe a sua vida tem sido como a de Mefibosete.
         “Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Era da idade de cinco anos quando de Jezreel chegaram as notícias da morte de Saul e de Jônatas; então, sua ama o tomou e fugiu; sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu e ficou manco. Seu nome era Mefibosete” (2 Samuel 4: 4) .
         2 Samuel 9:1 – “Disse Davi: Resta ainda, porventura, alguém da casa de Saul, para que use eu de bondade para com ele, por amor de Jônatas?”.
         2 Samuel 9:3 – “Disse-lhe o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que use eu da bondade de Deus para com ele? Então, Ziba respondeu ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés”.
         2 Samuel 9: 6 – “Vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, inclinou-se, prostrando-se com o rosto em terra. Disse-lhe Davi: Mefibosete! Ele disse: Eis aqui teu servo!”.
         2 Samuel 9:7 – “Então, lhe disse Davi: Não temas, porque usarei de bondade para contigo, por amor deJônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu comerás pão sempre à minha mesa”.
              Lo-Debar é um lugar seco e árido, inóspito, onde nada se planta e nada se colhe.
         Em deserto, lugar de areia e sol escaldante não adianta plantar nada mesmo. É um lugar de desolação, tédio, solidão, depressão, tristeza, é de fato um lugar de fuga. A situação fica pior quando lembramos que Mefibosete
fora criado para ser um príncipe, pois era da linhagem real de Jônatas, filho do rei Saul, criado para morar num palácio e desfrutar do melhor da vida.
         Na verdade, muitas pessoas têm vivido assim, por causa do passado, por coisas que aconteceram em sua vida; eles vivem pensando que se não tivesse acontecido tal coisa em suas vidas, poderiam ter uma vida melhor, poderiam ter mais dinheiro, deveriam estar em uma posição melhor, poderiam ser mais felizes, deveriam ter outra chance, deveriam ocupar uma outra posição na firma em que trabalham, poderiam ter uma vida mais bem sucedida, poderiam ter um casamento melhor, deveriam ter filhos melhores. Poderiam ter tantas coisas! Mas, quando olham sua vida, ela está uma miséria, quando olham para si, estão paralíticas de ambos os pés, não podem andar direito, suas vidas estão cheias de problemas, como era a vida de Mefibosete.
         A Bíblia diz que ele foi levado para a cidade de “Lo-Debar”, que significa “Lo” (não) em hebraico e “Debar” (palavra), ou seja, o nome da cidade era “Sem Palavras”, “Não Palavras”. Isso também retrata a condição daquele homem que foi levado para a cidade do silêncio onde não tinha amigos, onde não tinha comunhão com as pessoas, ele foi deixado naquele lugar e dentro dele foi crescendo uma série de mágoas, de rancores, e de amarguras.
         Ele passou a infância, a adolescência, a mocidade, curtindo um sentimento de revolta dentro de seu coração, que nós podemos ver expresso no texto quando lemos sobre sua vida. Um sentimento de inferioridade nasceu em seu coração por causa do que ele deveria ser, do que ele poderia ser, do que ele poderia ter tido, poderia ter conquistado, mas, ele não conquistou nada. Vivia agora das memórias, do que acontecera em sua vida e imaginando o que poderia ter acontecido. Este homem foi restaurado por Deus. E é isso que Deus deseja fazer nas nossas vidas nesta noite. Assim como Ele fez com o seu povo e com esse homem chamado Mefibosete, Ele continua fazendo nos dias de hoje.
         Salmos 126: 4 – “Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe”.
O Neguebe está hoje localizado no extremo sul da Palestina, um lugar muito árido, um dos mais baixos da região. O deserto do Neguebe é uma grande extensão de terra improdutiva, no entanto, quando a chuva serôdia (temporã, tardia) que cai sobre a região, a mesma é armazenada e quando transbordam formam as torrentes que invadem o deserto trazendo grande inundação e transformando a terra árida em um rio que produz vida. Quando o rio desaparece pela evaporação, o deserto se transforma em um manancial com as mais belas flores e um verde onde somente no Neguebe se pode encontrar.
Quem sabe este é o dia, essa é a noite onde você pode e deve clamar a Deus para que restaure a sua vida como a torrentes do Neguebe!
 Muitos podem afirmar que no passado foram visitados, abençoados e cheios do Espírito Santo. Era uma pessoa feliz, alegre e tinha prazer em servir a Deus. Tinha prazer em ler a Bíblia, em participar do louvor, em falar de Jesus, tinha uma profunda comunhão com a Igreja do Senhor. Mas os anos passaram e o deserto chegou. E o que aconteceu? Quem sabe o deserto tirou tudo isso de você? Muitos estão precisando de restauração no seu moral, no namoro, na mente, restaurar principalmente a sua comunhão com Deus.
Quem sabe muitos poderão chegar à conclusão de que o seu passado foi muito feliz, mas o seu presente está em ruínas e o que antes Deus fez está caindo. Mas o Senhor deseja restaurar aquilo que o deserto arruinou!
Através desse verso a Palavra de Deus está nos ensinando a encarar o deserto como um rio em potencial. Não nos esqueçamos que a qualquer hora e em qualquer momento, a chuva de Deus chegará!
         João 7: 38 – “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”.
Você pode até dizer que não é tão fácil encarar o deserto dessa maneira. Mas é exatamente o que o salmo está nos falando nos próximos versos.
         Sl.126: 5,6. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.
         Ao meditar nesse Salmo durante esses dois meses cheguei a uma conclusão de que: “o caminho para restauração é regado por lágrimas e fé. E é um tempo onde o investimento é a alma. O choro, gemidos, dor, intercessão, quebrantamento, perdão, exige de nós uma atitude, uma decisão. Ainda que não chuva bençãos, ainda que não haja um dilúvio do Espírito como tanto desejamos, ainda que não jorre a Graça de Deus. Mesmo que tenhamos que regar a semente da restauração com lágrimas, nós iremos ver o deserto da nossa vida florescer outra vez, em nome de Jesus!
         Você pode estar pensando: “há pastora, está difícil continuar semeando no meu casamento, no meu trabalho, nas minhas finanças nem se fala, os meus filhos só um milagre, a minha comunhão com Deus não sei se é possível!”.
         Hoje quero desafiá-los a projetar um futuro diferente em nome de Jesus! Quero convidar você a clamar: “restaura Senhor a minha sorte, a minha fé, a minha comunhão, a minha alegria, o meu compromisso com a Tua Palavra, com o Teu Reino, com a Tua Igreja”.
         Creia em Cristo e o deserto de sua vida irá se tornar em um rio em potencial. Assim você irá começar encarar o seu casamento, o seu trabalho, a sua vida!
          Sl.126: 5, 6 – “Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”.
         Que Deus em Cristo nos abençoe!
Conclusão: O tempo de cantar chegou!
 III. O POVO RESTAURADO
  1. É um povo celebrativo;
  2. É um povo agradecido;
  3. É um povo insaciável – mesmo vivendo um momento de absoluta alegria e comemoração, eles continuam pedindo – Restaura nossa sorte!
  4. É um povo cheio de Esperança – No Salmo 137 o povo senta e chora. Aqui eles estão caminhando, na esperança de que retornarão com cânticos de alegria.
Pra. Erisvalda Monte

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"Todo aquele que ler estas explanações, quando tiver certeza do que afirmo, caminhe lado a lado comigo; quando duvidar como eu, investigue comigo; quando reconhecer que foi seu o erro, venha ter comigo; se o erro for meu, chame minha atenção. Assim haveremos de palmilhar juntos o caminho da caridade em direção àquele de quem está dito: Buscai sempre a Sua face."
Agostinho de Hipona
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